Livre do jugo do uso,Enfim repousa?Traz junto a si algo do húmus da terra lavrada, algo do suor do exausto camponês.Há pouco, testemunhou o embate diuturno da terra com o camponês, do camponês com a terra.Guardando, aquecendo, protegendo os pés, ele mesmo praticou, exerceu, cumpriu a lida:Lida em que a terra – a um tempo avara e generosa –Recusa e doa ao camponês flores e frutos;Lida em que o camponês – a um tempo avaro e generoso –Recusa e doa à terra pomares e jardins.Como as coisas do mundo, essencialmente, serviu, serve, servirá.Porém quando, livre do jugo do uso,Enfim repousa?Quem virá restituir-lhe a insubstituível, original presença?Servindo à Poesia, certo Vincent (solitário nome a um canto da tela)Redime-o então do esquecimento: Agora entregue às luzes e sombras da Pintura,O par de botas – junto a si –Enfim repousa.
