Hipérion

Hipérion, Hipérion! 
Cálida tua alma sempre
Abranda os surtos de meu peito.
Serás tu o salvador? O grande guerreiro do poente?
E teu amigo, Alabanda? 
Ferve em brasa e forja o futuro
Amor maior, que sente teus direitos
Na pessoa da humanidade!

Ser grande como tu anseia meu espírito
E todo sacrifício é bem-vindo.
Mas enquanto não posso saudá-lo
Acolho as palavras do teu coração, bravo
Como o amadurecer das uvas, puro
Como as águas da fonte do Reno.

Sem elas seria eu já menos que ninguém
Já não cantaria o rouxinol
Nem dançariam as palmeiras reais bailarinas.
Já nada faria sentido.

No entanto, sou inefavelmente feliz contigo! 
Tantas vezes sucumbi nos teus braços para deles despertar
Com ânimo quase invencível... 
Por vezes fui purificado
Por teu fogo, como aço.

Por isso espero que o triste intelecto 
Saia de si e contemple a sacralidade necessária 
À Vida e à Morte. Vós sois o caminho deste povo desolado! 
Junto ao Mestre recente sei que caminharás, 
ébrio da taça escura,
Na rejuvenescente luz primaveril.


- M.S.